terça-feira, 17 de julho de 2012

É pra sempre, sempre foi e sempre será


Sentada no chão de minha sala, reviro meu armário a procura de um objeto, não muito grande, nem muito pequeno. Mas que se perdeu nesta imensa escuridão em meio a bagunça. Comecei a ficar desesperada, não podia acreditar que havia perdido a única coisa que me ligava ao meu passado, ao nosso passado […] Ali, bem ali no fundo. No canto direito do armário, embaixo de uma caixa de sapatos velha, estava aquela caixinha de mármore que me destes logo depois de partir. Há tempos não mexia nela, estava toda empoeirada e já demonstrava estar bem velha. Porém suas cartas continuavam intactas dentro dela, as folhas estavam um pouco amareladas confesso, mas não alterava no conteúdo da carta […]

Dezessete de Novembro de mil novecentos e oitenta e seis. 
[…] Esta casa sem dúvidas é linda. É um tipo de casa que eu sonho para o nosso futuro, três quartos, cozinha, sala de estar e sala de jantar, a mobília é um pouco antiga do jeito que nós gostávamos. Mas sinto-me um tanto quanto sozinho dentre essas paredes, sem sua risada ao amanhecer ou seus cabelos se esfregando em meu rosto enquanto dormimos. Desde quando me mudei não converso com meus pais, apenas um bom dia, boa tarde e boa noite. Não consigo perdoá-los por ter me separado de minha alma gêmea. Por ter me separado de você […]

Vinte e um de Dezembro de mil novecentos e oitenta e seis. 
Não consegui me levantar da cama hoje devido ao frio. Me lembrei de você, sei como gostas do frio, de bater queixo, de se enrolar na coberta… Eu, por outro lado, prefiro o Sol brilhando. Mas é como dizem minha princesa, os opostos se atraem, mas nunca me falaram da parte que eles se separam. Se soubestes a falta que me faz. Ah meu amor se soubestes […]

Doze de Janeiro de mil novecentos e oitenta e sete. 
Hoje foi a primeira vez, em mais ou menos três meses, que falo com meus pais. Não foi uma conversa amigável confesso, mas já é alguma coisa não é mesmo? Minha vida começou a caminhar este ano, só queria que você estive caminhando junto comigo. Fiz um amigo pela redondeza e adivinhas? Ele também tem um amor impossível assim como o nosso. Faz-me falta, cada segundo, cada minuto do dia […]

Causa-me um aperto no peito ler estas tuas palavras. Ainda não descobri um amor tão puro e verdadeiro como o nosso. Lembro-me de nossas promessas, de quando sentávamos na beira do lago apenas para observar o pôr-do-sol… É incrível como tudo se perde em um piscar de olhos não é mesmo? Em meio a tantas cartas encontro a última que me mandaste, cada palavra esta marcada em meu coração, em minha mente […]

Vinte e quatro de Setembro de mil novecentos e noventa e três.
Meu amor, antes de mais nada quero que saiba que nem por um momento deixei de pensar em você. Mas sei que não temos um futuro juntos. Estou lhe mandando esta carta para liberar-te de suas amarras junto a mim. Quero que sigas tua vida assim como estou seguindo a minha. Não, eu não encontrei uma outra pessoa, cá entre nós que jamais encontraria alguém como você, mas precisamos seguir em frente. Só não se esqueça que eu te amei e que daria o mundo para ver uma última vez o teu sorriso […] 

Parei de ler a carta pois, assim como todos que começassem a leitura, saberia como esta carta acabaria. Lembro-me exatamente do dia que a recebi, não chorei, não fiquei brava, muito menos pensei que ele havia me enganada por tanto tempo. Ao contrário, fiquei feliz porque ele me concedera liberdade. Tanto eu quanto ele sabíamos o quanto um significava para o outro, sabíamos de como o nosso amor havia sido sincero, ainda é. Já se passaram oito anos desde o meu último contato com ele e não teve um dia, nesses oito anos, que eu não tenha pensado nele…

3 comentários:

  1. Sua leitora desde o tumblr... Continue escrevendo é tao legal vir aqui, seus textos são ótimos e esse nem se fala, é muito... Sem palavras. :)

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    1. Ora, é um prazer tê-la acompanhando meu blog, pode deixar que não pararei de escrever rs. Volte Sempre!

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  2. Oi Uanna, tudo bom?
    Muito bonito esse texto, acho que já o tinha lido antes aqui no seu blog.
    É muito difícil manter um amor à distância. Libertar a moça foi um gesto de carinho e amor; um autosacrifício.

    Obrigado por ter aparecido lá no VPC esses dias. Tenha um bom fim de semana. Beijos.

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Obrigada pela visita e por terem me lido. Volte sempre!