quarta-feira, 14 de março de 2012

Para onde foi o brilho?

Ela observava o céu com tanta firmeza que seus olhos começaram a arder. Essa imensidão azul era seu passatempo favorito. Dona da verdade, dona do seu próprio mundo, dona de seu destino, imaginava-se sendo guiada pelas as estrelas. Mas o que haveria de tão misterioso nelas? Não sabia... Mas se perguntava se alguém notaria o sumiço de uma única estrela, sendo que haveria tantas para tomar o seu lugar quando esta partisse?


— O que vês de tão especial nessas estrelas? -- Perguntou o homem sentado ao lado.
— Não vejo nada! Mas ainda sim vejo tudo. -- Respondeu sem desviar os olhos do céu. 
— O que queres dizer com isso?


Ela apenas fechou seus olhos e deu de ombros. Se imaginou sentada em uma dessas coisinhas brilhosas, conversando com outras coisinhas brilhosas. Ficou imaginando como seria a vida delas? Ali, naquele único cantinho, paradinhas, brilhando. Ela queria perguntar: “Pra onde vocês vão quando surge o Sol? E quando a tempestade chega?” Essas perguntas não tinha sentido algum, mas para ela fazia toda a diferença... Seria bom viver assim, pensou. 


— Elas brilham! Todos os dias à noite, elas não se cansam. Mas… Eu não sei lhe dizer, elas me intrigam.
— Deixe de besteira. É apenas uma estrela.
— São…
— Como disse?
— São estrelas. Uma imensidão de coisinhas brilhosas habitando uma outra imensidão azul. Elas passam horas e horas sozinhas, apesar de estarem n’um conjunto, mas continuam brilhando. Continuam sendo essas coisinhas brilhosas instigantes. Não estou lhe pedindo para que admire as estrelas. Mas não lhes tire seu brilho, por favor. 
— Calma, calma garota. Não estou querendo nada. Só estou querendo que essa conversa acabe. 
— Mas esta conversa não tem um final. Nunca houve um começo para dizer a verdade. Estou só a observar.
— Mas porque tanta observação garota? Queres se transformar numa estrela por um acaso? 


Ela ficou calada por um tempo, pensando no que aquele homem acabara de dizer. Será que ela queria ser uma estrela?... 

— Obrigada!
— Pelo o quê? 
— Acabaste de desvendar este meu enigma.
— Então é isso? Queres se transformar numa estrela?
— Não. Quero continuar sendo eu mesma. Sem muito brilho, sem muito destaque. 
— Por que?
— Para quê tanto brilho? Para quê tanta demonstração de felicidade se tampouco sorri? Se tampouco se é libertada para a vida? Prefiro continuar aqui quietinha. Sem brilho algum. Sem felicidade ao extremo. Mas mostrando para todos quem sou de verdade. Sem exibições. Sem egoísmo. 
— Mas o que te leva a pensar que as estrelas não são felizes?
— Porque ninguém, assim como você, presta atenção nelas. Apenas em seu brilho. Mas nunca para o que elas verdadeiramente são. 

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